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Mostrando postagens de 2023

O amor, que é?

 O amor ideal é uma ideia. Sendo assim, fica dentro da mente, idealizando o momento ideal, a forma ideal, a música ideal, a comida, o sexo, a família, os filhos ideais. Se limita à ideia, tendo uma beleza particular e idílica. É lindo e maravilhoso, como diria Caetano, mas deixa assim, ficar subentendido, como diria Lulu Santos. O amor romântico é um romance. Sendo assim, é digno de um livro! De capa dura de belas ilustrações, como aqueles da antiguidade. Ele tem uma natureza saudosa, beira o amor ideal,beira o amor divino e sempre tem um que de cinema. Ele é uma ficção, mas tão bela que gostaríamos de viver! É lindo e maravilhoso, como diria Caetano, mas uma tolice, viver a vida sem aventura, como diria Lulu Santos. O amor real é uma realidade. E sendo assim, é um misto de conviver com a ideia, com o romance e com os fatos. Ele se embeleza em cada ato, ele cresce em cada percalço. Ele se nutre do que não tem nutrientes e se fortalece na fraqueza. Ele é um fogo que arte, mas ningue...

A palavra da vez é Rizoma

Substantivo masculino. 1. MORFOLOGIA BOTÂNICA: caule subterrâneo e rico em reservas, comum em plantas vivazes, caracterizado pela presença de escamas e gemas, capaz de emitir ramos folíferos, floríferos e raízes; 2. FIGURADO: base sólida que legitima ou autoriza alguma coisa; fundamento, raiz. Essa é a resposta que o Google trás quando perguntado. Essa palavra, de dois significados possíveis, dentro da acepção digital desse oráculo, é usada por muitos dentro do campo filosófico dos botecos como algo que lembra a forma da raiz (cheia de ramificações e distribuições ao redor do solo) e, por isso serve de metáfora a vários sentidos possíveis de reflexão. A vida não tem uma linearidade. Não é reta, previsível ou facilmente plano-execução. Ela tem seus percalços, que por nós são desviados. Nossa vida, e nossa história, são cheias de ramificações, seja por mudanças simples de rotas ou por desvios em eventuais problemas, dilemas, dialéticas. A vida é, portanto, um rizoma. O Google, como vimos...

Texto mal escrito não deve ser lido

   Você leu. Clicou e leu. É assim, dizem a vida inteira: “Cuidado, não faça tal coisa”, teimamos, fazemos. É assim, menos doí se aceitamos. Menos doí se, após aceitar, iniciamos um processo de mudança, não é? Pois é. Mesmo assim, sei que não irá se mover. Somos naturalmente do contra.  Mesmo assim, sou contra esse pensamento naturalizado de nossa condição falha. Ambíguo eu? Não. Esse é um texto que questiona o que podemos ser. Pense! Porque aceitamos que somos inertes a nós mesmos rejeitando a mudança, ou pior, dizendo que mudamos, sem de fato movermos uma palha distante do nosso erro? Por que aceitar que somos naturalmente erráticos? É tão medíocre assim a vida? Você dirá “não, imagina”, e continuará agindo de forma displicente e medíocre. Ora! É assim. Se dizer que somos preconceituosos, misóginos, racistas, elitistas e qualquer outro termo, dizemos que “não, imagina”. Daí se inicia qualquer frase estúpida que defenda nosso confortável erro. Se dizer para não ser preco...

O que é Dignidade?

  Supondo que a dignidade humana seja o fato de que cada um, dentro da lei, tenha possibilidade de realizar qualquer coisa, seja material ou imaterial, que lhe traga felicidade e com qualidade, ou seja, nada de ter coisas ou momentos meia boca na vida. E observando dentro do paradigma neoliberal moderninho de estado mínimo, vamos fazer umas contas para uma família de quatro pessoas da base mais pobre da sociedade, um casal e dois filhos em 2022, numa capital do Brasil: – Escola privada para dois filhos: R$ 2000,00 – Saúde privada para a família: R$ 3000,00 – Seguros dos dois carros e da casa/mês: R$ 450,00 – Manutenção e combustível dos carros: R$ 1250,00 – Prestação dos carros: R$ 2000,00 – Prestação da casa: R$ 1300,00 – Eventuais estudos dos pais, reciclagem, ascensão profissional: R$ 1000,00 – Alimentação e manutenção da casa: R$ 1500,00 – Contas de luz, água, gás, internet, telefones etc.: R$ 1000,00 – Previdência privada/seguro de vida para o casal: R$ 1000,00 – L...

Antes tarde do que nunca

  Jorge enfim colocou a vida em ordem. Usou o ano para botar a saúde em dia, as finanças em dia, o trabalho e os estudos. Colocar a cabeça em dia, a alma.  Há muito deixava a vida levar de qualquer jeito, levando suas alegrias e sonhos pelo ralo. Mas nesse ano foi diferente. Largou tudo e mudou de casa, uma casa mais simples, menos móveis, menos coisas. Escolheu ter mais histórias e mais gente de verdade. Deletou as redes sociais, vendeu o smartphone caro, o tablet, os notebooks, a câmera fotográfica que não usava senão para ostentar. Deu os quadros, os livros, alguns objetos. Ficou o essencial, mesmo que de improviso. E ficou bom! Todo movimento que fez deu surpreendentemente certo. Fez o balanço do ano e, apesar de não ser perfeito (nenhum é), sentiu-se feliz, com domínio sobre a realidade e sobre si. Sonhou então fazer um novo ano ainda melhor, para ele mesmo e para os outros. Sabia a fórmula, bastava aplicar com coragem. E de alegria, escorreu uma lágrima… Percebeu q...

O que é ser Professor

  Desde os primórdios da humanidade que jovens e crianças observam os mais velhos realizarem suas tarefas. Desde então, brincam, imitando tais tarefas, seja de caça, coleta, agricultura, escrita, artesanato, manufatura, indústria, comercio, serviços, tecnologia, computação, astrofísica. Jovens mimetizam, imitam, se divertem, aprendem. Ao lado, sempre alguém, munido de algum conhecimento sorri lembrando de seu saudoso passado e os incentiva. Esses jovens passam adiante, conforme a idade avança, o que aprenderam brincando, debatendo, perguntando e refletindo em suas práticas. Esses jovens fazem sua parte no mundo e tocam a bola do futuro aos mais novos. Sempre foi assim, então para que romantizar a função do professor, se ele é, na realidade, mais um dentro desse ciclo milenar de passagem de bastão? Para que ele se sinta um herói mal compreendido e mal remunerado? Para que ele seja reconhecido com tapa nas costas? Para que seja consolado pelas suas condições de trabalho precárias...

Qual nosso inimigo?

  O ser humano cria uma corrida entre nações, entre empresas, entre institutos e pesquisas. Entre pessoas que não sabem que competem. Nosso paradigma é da competição. A competição por quem publica primeiro, inventa primeiro, vende primeiro, pensa primeiro, posta primeiro. Evoluímos com isso? No início da nossa história, enfrentamos animais maiores, tempestades gigantescas e grande carestia. Era preciso nos mover de local em local atrás de sobrevivência. Muita energia para pouco resultado. Hoje temos conforto do delivery, conversamos a longas distâncias sem sair do lugar. Acumulamos energia em gordura e nossos inimigos são microscópicos, não os vemos. Apenas somos abatidos nessa competição pelo que não ganhamos, um tal mercado é quem lucra. Evoluímos afinal? Acredito que se mandamos câmeras filmar astros distantes, ao passo que nosso olhar consegue detectar partículas subatômicas para compreendê-las, porque não propor um paradigma oposto ao da competição, do lucro...

Um dedo ou uma arma?

  Quando recebi o convite da Adriana para escrever para a campanha de Novembro Azul do Belas Urbanas, primeira coisa que me veio foi o dilema que afeta muitos homens: A fragilidade de nossa masculinidade diante de qualquer ameaça simbólica que nos coloque em risco de nos aproximar do que é feminino. A mulher se cuida. E vive estatisticamente mais porque se cuida. Ela cuida de si e de todos em busca de pistas sobre tudo que nos tira a qualidade e a plenitude da vida, ao ponto de esmagar seu seio numa mamografia em busca de vestígios de câncer de mama, ou se expor e ser invadida friamente num exame de Papanicolau ou num Ultrassom Intramarginal. Ela reclama? Não. Muitas dizem que é incômodo, mas não se esquivam, não se acovardam. Elas vivem! Nós, másculos, fugimos de um dedo. Fugirmos em direção a nossa morte, preconizada por um sofrimento abissal, que não é só nosso, mas de filhos, pais, amigos, mulher e todos os que nos rodeiam. Preferimos fingir arminha com dedos em uma brincad...

MOSAICO – 3º EPISÓDIO – O último bar de muitos que virão

 Continuação dessa história no site das Belas Urbanas Era um dia desses que a gente não tem o que fazer. Fui eu, mais dois amigos ao bar. Falávamos daquelas coisas do universo que nos rodeia: Corinthians, Hamilton, MMA, Bolsonaros e outros assuntos irrelevantes de fato. Cerveja vinha, cerveja ia e gente começava a ter tédio. Muito tédio. Lascamos a falar mal de mulheres que tínhamos tido. Várias, citando o nome ou não, eram motivos de risada. Seja pelas manias, pelas fixações, pelo atrevimento e ousadia. Qualquer valor era motivo de crítica apenas pelo riso. Ao final, estávamos a contar piadas das mais preconceituosas que se possa imaginar… Um de nós, não lembro qual (mas não fui eu, claro), fez o desafio: Duvido que alguém dessa mesa saia daqui com uma mulher. Trato feito! Rodamos o bar a procura de alguma desavisada que caísse no nosso lero. Foda-se o nome, era por honra! Não queria ser motivo de piada no próximo Happy Hour. Eis que a vi. Uma mulher sozinha, impaciente, mei...

O que me encanta em alguém?

  Me encanta a fala profunda, além dos clichês e estereótipos, o diálogo. Me encanta o olhar acolhedor e aberto. O ouvido atento ao outro e o gesto gentil. Me encanta o pensamento no coletivo antes do individual. O trato como sujeito e não objeto. A moderação das ideias e ideologias nas visões de mundo, afinal, todas são úteis. Me encanta a poesia no pensamento, a beleza no coração e a verdade nos lábios de quem é solidário. O balanço de um cabelo livre das amarras da mente, das cores, da idade que reflete a cabeça aberta que os porta. Me encanta o andar firme e seguro de quem não deve nada a ninguém e a resposta pronta para quem condena. Quem luta pelo bem do mundo. Quem não se prende aos fetiches do consumo, das coisas, das modas. Me encanta a liberdade de quem voa para dentro de si como um Concorde. A liberdade de quem pensa, não apenas sente. E pensa no bem, não no ódio. Quem sente o bom, não a maldade. Me encantam as mãos abertas e dadas. O corpo no formato que for, na cor...

AQUELA ESTRADA – CAPÍTULO 4

 Integra das demais histórias no site das Belas Urbanas. Preferi pegar seu telefone, dar uma desculpa e não fazer nada aquele dia. Por mais que meu corpo gritasse por aquele homem, não queria apenas corpos, queria dele alma, vida, tudo! Dei uma desculpa, dessas que convencem, mas nem tanto. Disse que teria um compromisso logo cedo e teria que voltar ao meu quarto. Ele indagou, queria saber mais, mostrou-se curioso com minha agenda repentina, mas fui firme ao despistar. Fiquei pensando o quão adolescente poderia parecer essa atitude.  Era sim uma aposta. Ele poderia não mais querer nada. Resposta em si, não seria mais que ilusão. Mas se ainda quisesse, poderíamos iniciar algo interessante até o próximo desafio. Agora senti que a atitude, a responsabilidade em relação ao que sentia era só minha. Aquele telefone, anotado em guardanapo estava comigo. Quando ligo? O que falo? Como contínuo nossa história? O medo me bateu também: eu menti para interromper aquele clima, ...

A vida de uma menina-mulher-senhora

  Era 1979, logo após a anistia. A menina, com seus 20 anos, estava cansada daquilo tudo, daquela cidade de pedra. Junto da sua amiga, resolveram partir para viver uma vida livre e cheia de sonhos. Foram para o sul do país, num estado cheio de praias e natureza. Lá trabalharam de tudo um pouco. Comércio, serviços gerais, indústria. O que desse algum dinheiro e tempo para viver era suficiente. A menina estudava bastante, principalmente a natureza. Estudava, lia, cantava e vivia livre, sem ter que se preocupar com todo o caos social em que o país vivia, em meio a uma ditadura irresponsável. Nesse meio tempo, conheceu um homem trabalhando em uma editora. Ele era mais velho, maduro e estruturado. Vinha toda segunda de sua cidade natal e sexta ao final do dia para lá retornava. Ele também sonhava e queria viver de forma livre o mundo e a natureza. Era um par perfeito, se amavam e se completavam. A menina estava plena: tinha um par romântico perfeito, uma amiga inseparável, estava no...

Lápis e caderno

  Excluindo relações tóxicas, violentas e outras que rasgam páginas e fogem ao que deveria se considerar saudável, os encontros humanos talvez possam ser comparados ao encontro entre dois cadernos com lápis nas mãos. Explico: Eu sou um caderno com um lápis na mão indo ao encontro de outro caderno com seu respectivo lápis na mão. Irei escrever minha história no outro caderno, e ele irá escrever sua história em meu caderno. Simples assim. Mas há cadernos que não gostam do que o outro escreve, mas gosta da caligrafia. Há os que não gostam das caligrafias, mas adoram o conteúdo. Há aqueles que reclama da força do Graffiti, mas encantam com as frases. Há os que, apesar da poesia, não suportam a cor da escrita. Há aqueles que não conseguem virar a página e se abrir para um novo texto. Há aqueles que apenas querem escrever, não recebem nada. Há os que impõe que se receba sua escrita ou o digam receber a história, sem recíproca. Há quem goste apenas de frases e quem exija ilustrações...

Descoberta Tardia dos Excessos

  Tinha uma mãe braba. Não é brava de brincadeirinha, dessas que a gente fica entre a chinelada e o xingo engraçado clichê. Ela era BRABA mesmo. Arrumava encrenca com vizinhos, gritava com todos que a contrariasse, perdia amigos e intimidade com parentes. Não se preocupava em entender, se fazia entender por qualquer método, até quando não havia como. Até meus 14 anos, tudo que queria fazer deveria ser escondido. Até brincar na rua era proibido e coibido. Não tinha privacidade, tudo que tinha era vasculhado. O que eu pensava era errado e melhor eu ficar quieto. Ela era imperativa e se algo saísse do controle, alguém pagaria. Meu pai não era flor que se cheirasse, mas tinha que abaixar a cabeça, se não quisesse perdê-la. Ela não era só essa brabeza, tinha uma ternura ali. Mas uma ternura cega e surda, que não percebia os sentimentos ao redor. Ela abraçava, mas como seu eu fosse um boneco, e não gente. Ela cuidava, como seu eu estivesse para morrer, e não com os olhares dialogais ...

Chevette 77

Pois é. Mais um dia começa. Tomei meus remédios pra segurar aquela dor que nenhum médico descobre. Tomo banho, tomo café, como um rola na escada da garagem mas sem vacilo. Levanto e pego o Chevetão pra ir trampar. Tenho até um emprego legal. Não ganho bem, mas ganharia pra comprar um carrinho melhor. Como não gosto de fazer dívidas, comprei um chevette mesmo. Os bancos já me roubaram muito dinheiro na vida. Carrinho bom. Se cuidar, não dá problema.  Ainda mais que, com ele, não pago IPVA. No meio do percurso para o trabalho, acabei fechando sem querer um Mercedes. Até que o cara foi simpático e aceitou meu pedido de desculpas. "Como é bom ser legal, honesto.", pensei. Mas tudo bem. Achei uma vaga fácil perto da Faria lima. Bem melhor do que pagar estacionamento mensal. Um real por dia pro tiozinho e sai bem mais barato! Afinal, quem vai querer um Chevette? Chegando ao trabalho começa o inferno. Uma amiga do departamento de marketing foi mandada embora...  Caramba, que parado...

A divina lei de Taylor

Curioso como lidamos com o tempo. Tem dias que deus parece parar o tempo, para que caibam mais oportunidades de sermos felizes e resolvermos nossos problemas. O impressionante é que, ao mesmo tempo, parece que o diabo nos atenta com a preguiça que tanto nos faz reclamar que a sexta-feira não acaba logo. E assim empurramos mais preocupações para o fim de semana, onde deveriamos estar com a família, filhos... É a bola de neve do estresse e da desarmonia que tem que ser parada, dando a medida de tempo correta para cada coisa, sem exitar em derrubar a ociosidade tentadora, ou necessária.

Milagre de Natal

Natal de 2008:  Acordei naquela tarde de sábado, depois de um cochilo, com uma idéia na cabeça. Como a vida se tornou complicada de uns milhões de anos para cá pra esse bicho ser humano que somos, não? Olhando ao redor, vejo que temos móveis de alta tecnologia, eletrodomésticos super “MODERNOS”, computadores potentes e onipotentes a nos guiar e centralizar tudo que nossa mente não é capaz de lançar a mão com tanta rapidez. Uma vez que ela consegue gravar bem mais.   TVs digitais de plasma ou LCD me assustam um pouco. Pra que gastar R$ 2 mil em um aparelho pra ver a mesma coisa que o antigo, que não vale hoje nem R$ 50 também podem mostrar? Só pela “qualidade” da imagem? Belo argumento... Carros extremamente modernos, rápidos e equipados para nos levar ao mesmo ponto onde o antigo nos levaria. Diferença? Em conforto talvez. Algo dispensável. E os seguros para estes carros? Uma indústria do medo. Você paga 10% do valor do bem por um serviço que não deseja usar. Bom, depo...