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O amor, que é?

 O amor ideal é uma ideia. Sendo assim, fica dentro da mente, idealizando o momento ideal, a forma ideal, a música ideal, a comida, o sexo, a família, os filhos ideais. Se limita à ideia, tendo uma beleza particular e idílica. É lindo e maravilhoso, como diria Caetano, mas deixa assim, ficar subentendido, como diria Lulu Santos. O amor romântico é um romance. Sendo assim, é digno de um livro! De capa dura de belas ilustrações, como aqueles da antiguidade. Ele tem uma natureza saudosa, beira o amor ideal,beira o amor divino e sempre tem um que de cinema. Ele é uma ficção, mas tão bela que gostaríamos de viver! É lindo e maravilhoso, como diria Caetano, mas uma tolice, viver a vida sem aventura, como diria Lulu Santos. O amor real é uma realidade. E sendo assim, é um misto de conviver com a ideia, com o romance e com os fatos. Ele se embeleza em cada ato, ele cresce em cada percalço. Ele se nutre do que não tem nutrientes e se fortalece na fraqueza. Ele é um fogo que arte, mas ningue...

A palavra da vez é Rizoma

Substantivo masculino. 1. MORFOLOGIA BOTÂNICA: caule subterrâneo e rico em reservas, comum em plantas vivazes, caracterizado pela presença de escamas e gemas, capaz de emitir ramos folíferos, floríferos e raízes; 2. FIGURADO: base sólida que legitima ou autoriza alguma coisa; fundamento, raiz. Essa é a resposta que o Google trás quando perguntado. Essa palavra, de dois significados possíveis, dentro da acepção digital desse oráculo, é usada por muitos dentro do campo filosófico dos botecos como algo que lembra a forma da raiz (cheia de ramificações e distribuições ao redor do solo) e, por isso serve de metáfora a vários sentidos possíveis de reflexão. A vida não tem uma linearidade. Não é reta, previsível ou facilmente plano-execução. Ela tem seus percalços, que por nós são desviados. Nossa vida, e nossa história, são cheias de ramificações, seja por mudanças simples de rotas ou por desvios em eventuais problemas, dilemas, dialéticas. A vida é, portanto, um rizoma. O Google, como vimos...

Texto mal escrito não deve ser lido

   Você leu. Clicou e leu. É assim, dizem a vida inteira: “Cuidado, não faça tal coisa”, teimamos, fazemos. É assim, menos doí se aceitamos. Menos doí se, após aceitar, iniciamos um processo de mudança, não é? Pois é. Mesmo assim, sei que não irá se mover. Somos naturalmente do contra.  Mesmo assim, sou contra esse pensamento naturalizado de nossa condição falha. Ambíguo eu? Não. Esse é um texto que questiona o que podemos ser. Pense! Porque aceitamos que somos inertes a nós mesmos rejeitando a mudança, ou pior, dizendo que mudamos, sem de fato movermos uma palha distante do nosso erro? Por que aceitar que somos naturalmente erráticos? É tão medíocre assim a vida? Você dirá “não, imagina”, e continuará agindo de forma displicente e medíocre. Ora! É assim. Se dizer que somos preconceituosos, misóginos, racistas, elitistas e qualquer outro termo, dizemos que “não, imagina”. Daí se inicia qualquer frase estúpida que defenda nosso confortável erro. Se dizer para não ser preco...

O que é Dignidade?

  Supondo que a dignidade humana seja o fato de que cada um, dentro da lei, tenha possibilidade de realizar qualquer coisa, seja material ou imaterial, que lhe traga felicidade e com qualidade, ou seja, nada de ter coisas ou momentos meia boca na vida. E observando dentro do paradigma neoliberal moderninho de estado mínimo, vamos fazer umas contas para uma família de quatro pessoas da base mais pobre da sociedade, um casal e dois filhos em 2022, numa capital do Brasil: – Escola privada para dois filhos: R$ 2000,00 – Saúde privada para a família: R$ 3000,00 – Seguros dos dois carros e da casa/mês: R$ 450,00 – Manutenção e combustível dos carros: R$ 1250,00 – Prestação dos carros: R$ 2000,00 – Prestação da casa: R$ 1300,00 – Eventuais estudos dos pais, reciclagem, ascensão profissional: R$ 1000,00 – Alimentação e manutenção da casa: R$ 1500,00 – Contas de luz, água, gás, internet, telefones etc.: R$ 1000,00 – Previdência privada/seguro de vida para o casal: R$ 1000,00 – L...

Antes tarde do que nunca

  Jorge enfim colocou a vida em ordem. Usou o ano para botar a saúde em dia, as finanças em dia, o trabalho e os estudos. Colocar a cabeça em dia, a alma.  Há muito deixava a vida levar de qualquer jeito, levando suas alegrias e sonhos pelo ralo. Mas nesse ano foi diferente. Largou tudo e mudou de casa, uma casa mais simples, menos móveis, menos coisas. Escolheu ter mais histórias e mais gente de verdade. Deletou as redes sociais, vendeu o smartphone caro, o tablet, os notebooks, a câmera fotográfica que não usava senão para ostentar. Deu os quadros, os livros, alguns objetos. Ficou o essencial, mesmo que de improviso. E ficou bom! Todo movimento que fez deu surpreendentemente certo. Fez o balanço do ano e, apesar de não ser perfeito (nenhum é), sentiu-se feliz, com domínio sobre a realidade e sobre si. Sonhou então fazer um novo ano ainda melhor, para ele mesmo e para os outros. Sabia a fórmula, bastava aplicar com coragem. E de alegria, escorreu uma lágrima… Percebeu q...

O que é ser Professor

  Desde os primórdios da humanidade que jovens e crianças observam os mais velhos realizarem suas tarefas. Desde então, brincam, imitando tais tarefas, seja de caça, coleta, agricultura, escrita, artesanato, manufatura, indústria, comercio, serviços, tecnologia, computação, astrofísica. Jovens mimetizam, imitam, se divertem, aprendem. Ao lado, sempre alguém, munido de algum conhecimento sorri lembrando de seu saudoso passado e os incentiva. Esses jovens passam adiante, conforme a idade avança, o que aprenderam brincando, debatendo, perguntando e refletindo em suas práticas. Esses jovens fazem sua parte no mundo e tocam a bola do futuro aos mais novos. Sempre foi assim, então para que romantizar a função do professor, se ele é, na realidade, mais um dentro desse ciclo milenar de passagem de bastão? Para que ele se sinta um herói mal compreendido e mal remunerado? Para que ele seja reconhecido com tapa nas costas? Para que seja consolado pelas suas condições de trabalho precárias...

Qual nosso inimigo?

  O ser humano cria uma corrida entre nações, entre empresas, entre institutos e pesquisas. Entre pessoas que não sabem que competem. Nosso paradigma é da competição. A competição por quem publica primeiro, inventa primeiro, vende primeiro, pensa primeiro, posta primeiro. Evoluímos com isso? No início da nossa história, enfrentamos animais maiores, tempestades gigantescas e grande carestia. Era preciso nos mover de local em local atrás de sobrevivência. Muita energia para pouco resultado. Hoje temos conforto do delivery, conversamos a longas distâncias sem sair do lugar. Acumulamos energia em gordura e nossos inimigos são microscópicos, não os vemos. Apenas somos abatidos nessa competição pelo que não ganhamos, um tal mercado é quem lucra. Evoluímos afinal? Acredito que se mandamos câmeras filmar astros distantes, ao passo que nosso olhar consegue detectar partículas subatômicas para compreendê-las, porque não propor um paradigma oposto ao da competição, do lucro...